A Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (FEF/UnB) tem o orgulho de comunicar que a egressa do Programa de Pós-graduação em Educação Física da UnB (PPGEF-UnB) Drª. Milena Samora dos Santos e seu orientador, Prof. Dr. Lauro Vianna, receberam o Prêmio CAPES de Tese 2021 da área de Educação Física com o trabalho intitulado “Diferenças entre os sexos no controle neural da pressão arterial durante o exercício isométrico”. Durante seu Doutorado, Milena recebeu apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com bolsa, inclusive, para Doutorado sanduíche na Nova Zelândia.

 

Milena SamoraMilena ingressou no PPGEF-UnB em 2016 sob orientação do professor Lauro Vianna, também coordenador do Laboratório de Fisiologia Integrativa (NeuroV̇ASQ̇). No laboratório, ela passou a estudar os mecanismos de funcionamento do corpo humano de maneira integrativa e aplicada, e decidiu que o Doutorado se desenvolveria na linha de pesquisa que investiga as diferenças entre os sexos nos mecanismos neurovasculares durante o exercício. “Minha formação anterior, durante o Mestrado, foi em fisiologia cardiovascular utilizando modelo animal. Portanto, minha chegada ao NeuroV̇ASQ̇ foi uma excelente oportunidade de ampliar meus conhecimentos e de criar uma nova perspectiva”, conta. A tese de Milena foi composta por três estudos, relacionados entre si, publicados no Journal of Applied Physiology, no European Journal of Applied Physiology e no Autonomic Neuroscience: basic and clinical.

 

As descobertas de Milena também foram reconhecidas internacionalmente, quando a pesquisadora foi agraciada com o prêmio de "Fisiologista de Início de Carreira" pela Sociedade Americana de Fisiologia (American Physiological Society - APS), durante apresentação no Congresso Experimental Biology, na Flórida, nos Estados Unidos, em abril de 2019.

 

Após a defesa da tese, em agosto do ano passado, Milena foi convidada a assumir uma posição de Pós-Doutorado no Department of Kinesiology and Health Education, da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, sob supervisão da professora Drª Audrey Stone. A Drª Stone coordena o laboratório "Controle Autonômico da Circulação”, que tem como principal interesse investigar o controle neurovascular na saúde e na doença durante o exercício. “Especificamente, o foco do grupo tem sido os efeitos deletérios da Diabetes Mellitus nos sistemas centrais e periféricos de regulação autonômica do sistema cardiovascular, bem como os processos inflamatórios crônicos advindos da doença, e como o treinamento físico pode alterar esses efeitos”, explica Milena. Os planos para assumir a posição de Pós-Doutorado, contudo, foram adiados em decorrência da pandemia de Covid-19 e, somente em novembro deste ano, Milena finalmente irá para os Estados Unidos iniciar as atividades. “Nos próximos meses estarei em Austin, no Texas, trabalhando arduamente com entusiasmo e paixão, realizando pesquisa de qualidade e dando continuidade na minha formação acadêmica. O intuito é me tornar uma pesquisadora produtiva e independente”, adianta.

 

Experiência na FEF

Mineira, nascida em Uberlândia-MG, Milena teve de deixar para trás a cidade e a família para cursar o Doutorado em Brasília-DF. Apesar das visitas constantes, passou quatro anos dividida entre um local e outro. “Frequentar a FEF todos os dias me fazia sentir em casa. A amizade que criei com os funcionários da FEF — da portaria, da limpeza, da secretaria do PPGEF, da lanchonete —, com os colegas do laboratório NeuroV̇ASQ̇, e de outros laboratórios, fazia com que a rotina do Doutorado se tornasse muito mais prazerosa”, lembra.

 

Milena e Lauro

Milena e Lauro no Experimental Biology Congress, em 2019 - Flórida/EUA. Foto: Arquivo pessoal/Milena Samora

 

Ela conta que a excelência do corpo docente da faculdade também foi um diferencial em sua carreira. “Cursei disciplinas muito interessantes, ministradas por professores inspiradores. Tenho certeza de que todos os professores que tive contato ao longo desses anos contribuíram para minha formação pessoal e profissional”, observa. Em especial, Milena ressalta o apoio e confiança que recebeu do orientador, professor Lauro Vianna. “É um exemplo de pesquisador, professor e ser humano. Graças à sua dedicação em educar e formar pessoas, me desenvolvi como pesquisadora”, conta. Ela destaca ainda que a estrutura física da FEF e do NeuroV̇ASQ̇ também foram imprescindíveis para a realização de seus estudos e do desenvolvimento da tese de Doutorado.

 

Em 2018, Milena também teve a oportunidade de conhecer a FEF como docente. Após ser aprovada em concurso público para o cargo de professora substituta, ministrou disciplinas nos cursos de Graduação em Educação Física. “A busca por ensino, pesquisa e extensão de qualidade, unida a excelentes funcionários e professores, faz com que a FEF seja referência para os alunos e para a comunidade. De maneira geral, minha experiência na FEF como aluna e professora foi, indiscutivelmente, marcante e inesquecível. Recordarei com muito carinho cada momento que vivenciei lá”, compartilha.

 

Tese premiada

De acordo com Milena, estudos prévios demonstraram que homens e mulheres regulam a pressão arterial de forma diferente em repouso. Uma das possíveis explicações para esse fenômeno, é a diferença na sensibilidade dos receptores β2-adrenérgicos presentes nos vasos sanguíneo periféricos. Sua pesquisa testou se essas diferenças entre os sexos na regulação da pressão arterial também poderiam ser observadas durante o exercício isométrico. Homens e mulheres jovens saudáveis foram submetidos a uma sessão de exercício isométrico de preensão manual sob duas condições: placebo (controle) e bloqueio farmacológico dos receptores β2-adrenérgicos. O bloqueio foi feito com a administração oral de 40mg de cloridrato de propranolol.

 

Na condição controle, homens e mulheres aumentaram a pressão arterial durante o exercício. Segundo Milena, essa resposta foi mediada por aumentos no débito cardíaco e na resistência vascular periférica total em homens, enquanto, nas mulheres, somente por aumentos no débito cardíaco. “Sob efeito do propranolol, a resposta de pressão arterial durante o exercício fica atenuada nos homens, por uma redução do débito cardíaco. Em contrapartida, não houve efeito do propranolol na resposta de pressão arterial durante o exercício nas mulheres. Apesar de elas também apresentarem uma atenuação na resposta de débito cardíaco, houve um aumento significativo da resistência vascular periférica total”, relata. O estudo, publicado no Journal of Applied Physiology, concluiu que as diferenças entre os sexos na regulação da pressão arterial também podem ser observadas durante o exercício isométrico e que são mediadas pelos receptores β-adrenérgicos.